quarta-feira, 17 de agosto de 2011

18 anos | Conquistas, fatos curiosos, polêmicas, problemas que se repetem... a história registrada no JR


Vale a pena lembrar alguns fatos que foram notícia nas páginas do Jornal Regional

Mônica Bockor
Registro


Nada como sujar os dedos de tinta nas páginas amareladas pelo tempo para viajar ao passado nas manchetes estampadas nos jornais. O Jornal Regional é muito recente – chega agora à sua maioridade -, mas já acompanhou muitos fatos históricos do Vale do Ribeira desde que foi lançado em 13 de agosto de 1993. Denúncias de irregularidades em órgãos públicos, cheias do Rio Ribeira, crimes que chocaram a população, más condições da Rodovia Régis Bittencourt e as inúmeras tragédias envolvendo quem perdeu a vida na BR, vitórias e títulos conquistados no esporte, eventos culturais... os principais fatos da região se transformaram em notícia pelos jornalistas que passaram pelo JR.

“Cesp na mira da lei”. Esta foi a primeira manchete estampada pelo Jornal Regional, que começou a circular em preto e branco numa sexta-feira, 13 de agosto, editado por Valdir Dias. O exemplar custava CR$10,00. Até o final de 1993, inúmeras matérias chamam a atenção nas edições do JR. Em setembro, a comunidade registrense se uniu para reivindicar um Pronto Socorro para o município. Na política, um deputado incluiu ao orçamento federal uma emenda no mínimo inusitada: ele queria construir o Hospital Regional do Vale do Ribeira que já existia havia mais de 40 anos em Pariquera-Açu!

“Presídio regional tem forte rejeição”. Parece notícia nova, mas foi manchete no dia 10 de dezembro de 1993. O presídio havia sido anunciado por um delegado geral de Polícia e causou preocupação pelo mesmo motivo de hoje: a penitenciária pode trazer presos de outras regiões. Na época, os redatores do JR eram Mônica Nogueira Lima, Geni Lopes e Luis Carlos Coelho.

Em março de 1994, uma notícia triste para o Jardim Paulistano: duas mulheres morreram depois que o abrigo de ônibus despencou sobre elas. Ao sair do local, um ônibus acabou atingindo a traseira no abrigo de concreto, provocando a queda. Em abril do mesmo ano, uma moradora do Xangrilá levou um saco de lixo direto para o gabinete do então prefeito de Registro, José Mendes. Motivo: ela estava indignada com a falta de coleta regular do lixo em seu bairro.

“Banana importada do Equador preocupa a região”. Outro tema atual que já trazia dor de cabeça aos bananicultores em julho de 1994. Mas a manchete que mais chamou a atenção naquele ano certamente foi esta: “Boato sobre monstro apavora comunidade”. Apesar das estórias de que um monstro ou lobisomem estaria atacando mulheres em diversos bairros de Registro, nenhuma autoridade confirmou oficialmente as informações.

Em março de 1995, o vereador Daniel Aguilar morreu aos 35 anos, vítima de acidente na BR-116. Junto com ele, outras três pessoas morreram. E em dezembro, o então ex-presidente nacional do PT, Luis Inácio Lula da Silva, esteve na região para participar da “Caravana da Cidadania”.

Fevereiro de 1996: as enchentes deixaram mais de 1.200 desabrigados na região, além de uma vítima fatal. No mesmo mês, a morte do vereador de Jacupiranga, José Maria Mariano, chocou a população. Ele foi morto a tiros por um funcionário de seu sítio. As páginas policiais do JR registraram ainda o confronto entre policiais e assaltantes de um banco em Miracatu. Três bandidos foram mortos e um policial e o gerente do banco foram feridos.

Em março de 1996, veio do prefeito de Jacupiranga, José Fernandes Bértola, o pedido para reduzir seu salário a um terço do valor, na época de R$ 4.500,00. Ele chegou a encaminhar o projeto para a Câmara, sugerindo a redução dos salários dos vereadores também. Mas não deu em nada. Bértola acabou renunciando ao cargo pouco tempo depois. No mesmo ano, Registro viveu as emoções da 1ª Semana Regional de Arte e Cultura.

Janeiro de 1997: “Fruta envenena 18 crianças”. Elas foram parar no Pronto Socorro após ingerir uma fruta chamada de “avelã” ou “castanha de cavalo”. Um mês depois, o Vale do Ribeira viveu a maior enchente até hoje. Os estragos causados nas zonas rural e urbana deixaram prejuízos de R$ 62 milhões e quatro pessoas morreram levadas pelas águas. Em março, evento em Juquitiba com a presença do presidente Fernando Henrique Cardoso marcou o início da tão reivindicada duplicação da Rodovia Régis Bittencourt.

“OVNIs são vistos no céu de Registro” foi destaque da edição de 13 de junho de 97. Funcionários da Sabesp teriam visto objetos sobrevoando a Estação de Tratamento no Jardim Valeri. Ninguém comprovou o fato, mas ele rendeu muitos comentários na cidade. Em setembro, o Jornal Regional aparece com capa e contracapa coloridas.

Em agosto de 1998, a morte de Dona Elza Orsini de Carvalho, aos 60 anos, causou tristeza em Registro. Em maio de 1999, o ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho, esteve em Jacupiranga para inaugurar a Unidade de Processamento de Pescado – que até hoje não entrou em operação. No mesmo ano, a telefonia foi privatizada em São Paulo e o Rei Pelé inaugurou a Vila Olímpica em Juquiá.

Março de 2000: funcionários públicos são flagrados pela DISE comprando drogas na Vila São Francisco. Detalhe: eles usavam o carro da Prefeitura de Registro. Um deles era motorista de ambulância e outro funcionário da Diretoria de Ensino. Em abril, um acidente na BR-116 chamou a atenção da imprensa nacional para Registro. Um ônibus colidiu em um contêiner que se soltou da carroceria de um caminhão e 19 pessoas morreram. O acidente ocorreu em Miracatu. A tragédia, por si só, já seria notícia. Mas foi o sumiço do corpo de uma vítima no translado de Miracatu para o IML de Registro que gerou muita polêmica. O corpo foi encontrado um dia depois no carro do IML estacionado no pátio do instituto em Registro. Agentes funerários e funcionários do IML chegaram a ser responsabilizados.

Em janeiro de 2001, os prefeitos eleitos no Vale mostraram preocupação com a Lei de Responsabilidade Fiscal, criada pelo governo FHC com apoio da base governista e a posição contrária do PT. Em maio, o governador Geraldo Alckmin assinou decreto criando o Fundo de Desenvolvimento do Vale do Ribeira (Fundesvar), com recursos de R$ 95 milhões da venda da Congás. Em novembro, foram liberados R$ 23 milhões para obras de infraestrutura na região e outros R$ 23 milhões para financiamentos para a iniciativa privada. Ainda em 2001, o deputado estadual Kincas de Mattos queria criar o estado de “São Paulo do Sul”, composto por 54 municípios. A proposta não teve apoio do Vale e acabou arquivada.

Em 2002, Registro implantou o estacionamento rotativo Zona Azul. Apesar dos protestos de muitos, hoje o município não pode mais ficar sem a medida. Na saúde, 2003 ficou marcado pela crise no Hospital São João. A Prefeitura chegou a decretar a intervenção no hospital. No mesmo ano, a Unesp iniciou as aulas do curso de Agronomia em Registro, uma grande conquista. Por outro lado, foi desativado o Cefam (Centro de Formação e Aperfeiçoamento do Magistério).

Em 2004, o JR noticiou a implantação do Centro de Diagnóstico e Tratamento do Câncer no Hospital Regional em Pariquera-Açu. E em junho, deu em primeira mão a confirmação do foco da Sigatoka negra em bananais de Miracatu. A doença que ataca as folhas das bananeiras se espalhou na região. Em setembro de 2005, a população de Registro saiu frustrada da inauguração da Central de Comercialização da Agricultura Familiar. O mau tempo impediu que o presidente Lula viesse ao município.

Na política, o ano de 2006 ficou marcado pela eleição do primeiro deputado estadual do Vale: o ex-prefeito de Registro, Samuel Moreira, hoje em seu segundo mandato na Assembleia Legislativa. Em fevereiro de 2007, morre a vereadora Maria Sebastiana de Oliveira Paiva, a admirada Dona Marioca. Em abril, estudantes da Unesp protestaram pela reforma do antigo Cefam, onde funciona a universidade até hoje. Ainda em 2007, Registro ganhou os monumentos ambientais do artista Yutaka Toyota.

Em 2008, a Rodovia Régis Bittencourt passou para a concessão da OHL/Autopista. O Ibama interditou as cavernas do Vale do Ribeira e passou a restringir as visitações por questão de segurança. Registro viveu as comemorações pelo Centenário da Imigração Japonesa no Brasil e o JR lançou um caderno especial sobre a história da imigração no Vale.

Fevereiro de 2009: a notícia da implantação de um presídio em Registro volta a trazer preocupação e a mobilizar as lideranças da região. A penitenciária não saiu do papel mas continua nos planos do governo estadual. Outra conquista para a educação: a Escola Técnica Paula Souza iniciou as aulas em Registro e, a partir daí, implantou salas descentralizadas em outros municípios do Vale. Em novembro, o Jornal Regional noticiou – antes da mídia nacional – o adiamento do término da duplicação da Serra do Cafezal de 2012 para 2013.

2010: Oficializado o tombamento de Iguape como patrimônio histórico pelo Iphan e inaugurada a Central de Distribuição do Boticário em Registro, além do novo IML. O Jornal Regional chegou a denunciar diversas vezes as péssimas condições do IML do município. Outras questões, como a prostituição infantil na BR-116, a precariedade da destinação do lixo contaminado na região, as condições dos lixões, as manifestações contra as barragens e tantas outras reivindicações da região ganharam ainda mais força nas páginas do JR nestes 18 anos dedicados à imprensa regional.
 
Parabéns Jornal Regional

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