domingo, 28 de novembro de 2010

Saiba como o horário de verão foi criado

O horário de verão traz alegria aos que gostam de aproveitar até os últimos raios solares, seja para correr no parque ou tomar uma gelada nas mesas da calçada do bar. A ideia de adiantar uma hora no relógio durante a primavera para depois voltar ao horário regular no fim do verão é mais antiga do que se pode imaginar. Um dos líderes da Revolução Americana, Benjamim Franklin já havia sugerido a instituição do horário de verão em 1784, em seu ensaio “Um projeto econômico para diminuir o custo da Luz”. O texto foi publicado no Journal de Paris.

A sugestão de Franklin foi totalmente ignorada até que o inglês William Willett trouxe o assunto novamente à tona com o panfleto chamado “Um Desperdício da Luz do Dia”. Embora a Câmara dos Comuns britânica tenha rejeitado a proposta de Willett de cara, o Horário de Verão Britânico foi introduzido pelo Parlamento em 1916.

Muitos outros países decidiram ajustar seus relógios para o verão, mas os Estados Unidos só começaram a fazê-lo no final da I Guerra Mundial, na tentativa de economizar energia. A Câmara dos Representantes aprovou a lei “para salvar o dia” e o primeiro dia com a hora de economia de luz oficial foi 15 de março de 1918. A lei foi inicialmente recebida com muita resistência, de acordo com Michael Downing, autor do livro “Spring Forward: A loucura anual do horário de verão”
“Quando o Congresso enfiou o dedo na cara de todos os relógios do país, milhões de norte-americanos relutaram,” escreve Downing. “Unidos por uma determinação para derrotar o ponteiro grande do governo”, os adversários do horário de verão “levantaram o inferno santo, prometendo voltar a nação em tempo real, o tempo normal, o tempo de exploração, o tempo de sol, o tempo que gostava de pensar como “tempo de Deus”.

No Brasil, o horário de verão foi adotado no dia 1o de outubro de 1931, no governo de Getúlio Vargas, em todo território nacional. Desde 1985, os relógios são adotados anualmente. Porém, os estados mais próximos da Linha do Equador decidiram a economia de energia elétrica não era significativa e aboliram o horário de verão. Atualmente, ele é adotado apenas nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Desde 2008, o início se dá no terceiro domingo de outubro e o final, no terceiro domingo de fevereiro, exceto quando coincide com o domingo de carnaval. Nesse caso, o horário é prorrogado por mais uma semana.

Assim como acontece no Brasil, alguns estados dos Estados Unidos optam por não participar da convenção, como o Havaí e Arizona. Os territórios autônomos como Samoa Americana, Porto Rico e Ilhas Virgens também ficam de fora.


Nos países do Hemisfério Norte, devido às latitudes mais próximas da Zona Ártica e ao eixo de inclinação da Terra, o horário de verão dura muito mais do que no Brasil – uma média de mais de seis meses lá, contra menos de quatro meses por aqui. Nos Estados Unidos, por exemplo, ele entra em vigor no segundo domingo de março e acaba no primeiro domingo de novembro.


Na América do Sul, apenas o Paraguai e o Chile adotam o horário de verão, além dos estados brasileiros. Ainda no Hemisfério Sul, apenas a Nova Zelândia e a Namíbia mexem nos relógios do país inteiro. A Austrália adota o mesmo sistema brasileiro: só às regiões mais ao sul compensa adiantar uma hora para economizar energia.


Na metade superior do globo terrestre, muita nações jamais adotaram o horário de verão, como é o caso da Coreia do Norte e do Nepal. Outros como o Japão, a China e a Índia já chegaram a usá-lo, mas não o fazem mais.


A Europa inteira adota o horário, com exceção da Islândia. Como a ilha está praticamente no Círculo Polar Ártico, adiantar uma hora no tempo para economizar energia não faz o menor sentido. No fim de junho, na capital Reykjavik, o sol se põe inacreditavelmente às 0h04, para nascer logo depois, às 2h55. Pois é, existem lugares que estão acima do horário de verão. Literalmente.

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