No dia 28 de Julho, a Basílica Bom Jesus de Iguape, na cidade de Iguape – SP, dará inicio a mais um ano de festividades em louvor ao seu padroeiro. A festa, que reúne romeiros de diversos lugares do país, se consolida a cada ano como uma das mais tradicionais do estado de São Paulo.

Primeiramente, são celebradas as novenas, que neste ano se iniciarão na

quinta feira, dia 28 de Julho. A cada dia, a novena será celebrada por um pregador convidado, que com base no tema central falará de diversos assuntos, sempre relacionados à “Ao Encontro do Senhor Bom Jesus”.
No dia 5 de agosto, sexta feira, a festa será em louvor à Nossa Senhora das Neves, padroeira da paróquia da cidade de Iguape.
No dia 6 de agosto, dia do Senhor Bom Jesus de Iguape, ocorrerão procissões e missas durante todo o dia.
As festividades se tornaram muito tradicionais graças à grande devoção dos romeiros, que se deslocam de cidades distantes, tanto de carro, quanto de ônibus, e muitos fazem o trajeto à cavalo ou andando, para louvar e agradecer às bênçãos alcançadas.
Iguape aguarda romeiros com muitas atrações
A expectativa para este ano é de que cerca de 200 mil romeiros venham visitar o santuário e a cidade de Iguape. Para recepcioná-los a Prefeitura Municipal prepara em paralelo aos eventos de devoção uma série de atividades artísticas e culturais. No período de 02 de agosto a 02 de setembro o Departamento de Cultura, Turismo, Esportes e Eventos realizará a exposição “A Arte da Fé”, no Museu de Arte Sacra com trabalhos de artistas plásticos retratando temas sacros. Serão telas, esculturas, pinturas e fotos mostrando a Festa de diversas formas.
Na Praça da Basílica nos dia 29 e 30 de julho e de 4 a 7 de agosto, a partir das 22h acontecerão várias apresentações musicais. A Feira de Artesanato e Culinária é outro atrativo para os visitantes e vai acontecer durante todo o período da Festa.
Uma viagem no tempo e à Cultura
O acervo arquitetônico e histórico de Iguape tombado em 2009 pelo IPHAN é outra atração imperdível. Fotos do casario do centro histórico são itens imprescindíveis ao turista. Além disso, a riqueza da cultura tradicional caiçara mantida pelas comunidades iguapenses vai levar o visitante a um mundo diferenciado onde a musicalidade de nossa gente e sua cultura de raiz, simples e preservacionista, nos faz refletir de que um mundo melhor é possível e já existe aqui em Iguape.
História de preservação e fé na saga da Basílica do Bom Jesus
A construção da Basílica do Senhor Bom Jesus de Iguape foi iniciada no ano de 1787, porém, devido à falta de recursos, as obras prosseguiam e paravam, e somente foram parcialmente concluídas em 1856, durando assim cerca de 69 anos.
No seu interior, encontram-se imagens de santos, entre elas a de Nossa Senhora das Neves e do Senhor Bom Jesus de Iguape, a Sala dos Milagres, com objetos deixados pelos devotos que foram abençoados pelo Senhor Bom Jesus de Iguape.
História da Imagem
A imagem veio de Portugal, onde era muito venerada. Embarcaram-na num barco português, em 1647, com destino ao Brasil. Perto de Pernambuco, o barco foi atacado por outro barco pirata dos protestantes
calvinistas. Para evitar que a imagem fosse destruída e profanada, o comandante colocou-a numa caixa de madeira, juntou algumas garrafas de azeite e jogou-a ao mar. A caixa foi levada pela correnteza marítima em direção ao sul.
Nove meses mais tarde, na Praia do Una, dois índios enviados à Vila Nossa Senhora da Conceição de Itanhaém, enviados pelo Sr. Francisco de Mesquita, morador da Praia da Juréia avistaram algo entre as ondas. Como não conseguiam identificar os objetos resolveram entrar no mar e resgatá-lo. Perceberam que se tratava de uma imagem e junto a ela havia também algumas botijas de azeite e um caixote de madeira.
Acreditando que havia alguma relação entre os objetos resolveram trazê-los à margem. Para prosseguir viagem, colocaram-na de pé na areia ao lado das botijas e do caixote. No regresso ao se aproximarem da imagem, perceberam surpresos que, deixando-a virada para o nascente, encontraram-na virada com o semblante voltado para a direção poente. Apressaram-se em voltar ao seu local de morada e contar o que acontecera. No dia seguinte, Jorge Serrano, líder da comunidade, tomou no caminho de Praia do Una, acompanhado de sua mulher Ana de Góes, de seu filho Jorge e de sua cunhada Cecília. Quando chegaram diante da imagem puseram-se de joelhos e rezaram, rendendo graças. Decidiram então levá-la para a Vila de Iguape e para facilitar o transporte, usaram uma rede de pesca.
Um grupo de pessoas que havia sido informado do achado da imagem pelos índios acercou-se de Jorge Serrano, com a intenção de levá-la para a Vila de Nossa Senhora da Conceição de Itanhaém, por esta ser a sede da Capitania. Ao tentarem virar o cortejo para àquela Vila, a imagem surpreendentemente tornou-se muito pesada e o contrário aconteceu quando voltaram-na na direção à Vila de Iguape. Perceberam então que a imagem já havia escolhido seu destino.
À medida que se aproximava da vila eram muitas as pessoas que se juntavam à procissão. Após dias de caminhada encontraram um lugar de rara beleza onde pararam para banhar a imagem sobre as pedras de um riacho, retirando o salitre e preparando-o para a sua chegada na Matriz de Nossa Senhora das Neves. Este riacho ficou conhecido como Fonte do Senhor e dizem que a pedra sobre a qual foi banhada a imagem, cresce continuamente. No dia 02 de novembro de 1647, terminada a lavagem, a imagem finalmente chegou à vila e foi entronizada na Matriz de Nossa Senhora das Neves.
No ano de 1787 foi iniciada a construção de uma nova igreja, pois a Matriz de Nossa Senhora das Neves encontrava-se em péssimas condições. A obra foi interrompida e somente trinta anos depois foi retomada. Já nesta época a Procissão do Senhor Bom Jesus era realizada no dia 06 de agosto, dia da transfiguração do Senhor.
Sobre Iguape
Rica em belezas naturais, o município de Iguape possui uma grande extensão de área natural protegida, que inclui a Estação Ecológica dos Chauás e a Estação Ecológica Juréia-Itatins, além de estar
parcialmente em Área de Proteção Ambiental (APA –
Cananéia-Iguape-Peruíbe). São cerca de 1.964 km² de rios, costões, manguezais, praias e cachoeiras, compondo uma amostra singular de ecossistemas associados, além das Reservas de Mata Atlântica do Sudeste, tombadas pela UNESCO no ano de 1999 como Patrimônio da Humanidade.
Além das belezas naturais, possui atrativos culturais, históricos e religiosos. Fundada em 1538, encontrou no passado sustentação econômica nos ciclos do ouro e do arroz, período em que foram construídos os casarões coloniais, hoje tombados como patrimônio nacional pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), já é considerado um dos mais importantes acervos do País, o maior de São Paulo. As principais atrações turísticas de Iguape, também conhecida como a “Princesa do Litoral”, vêm justamente da cultura tradicional, da herança histórica, das belezas naturais e da fé, que leva milhares de romeiros a festejarem o Bom Jesus de Iguape.
Um passeio pelo Centro Histórico, um dos maiores e mais bem
conservados do estado, com ruas estreitas e tortuosas, casarões coloniais e calçadas de pedra, despertam sensações de retorno ao passado que retrata a história do Brasil. A cidade ainda oferece trilhas ecológicas, inúmeros locais para pesca, passeios de barco e caiaque e um amplo circuito de belos e pitorescos pontos de visitação com museus, igrejas e recantos turísticos amparados por uma boa infraestrutura hoteleira e gastronômica.
Como chegar em Iguape
Da Capital paulista, bem com da Capital Paranaense, de carro, são cerca de 210Km passando pela Régis Bitencourt (Br 116) até o Km 401, em Miracatu. De lá siga pela SP 222, Rodovia Prefeito Casemiro Teixeira até Iguape.
Duas empresas de ônibus intermunicipal fazem o trajeto para Iguape. De Sorocaba a Viação São João, de São Paulo, Registro e Santos, a Viação Intersul. De Curitiba a Registro o trajeto é feito pela Itapemirim.