terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Entrevista do Dia

Popó levará ringue para Congresso Nacional
Boxeador colocará cinturão no gabinete e quer duelar com Eduardo Suplicy
Desde 1982, quando o Rio de Janeiro elegeu o cacique Juruna para deputado, o plenário da Câmara já se habituou às figuras folclóricas – que em geral nada acrescentaram politicamente ao país. Depois de Juruna vieram Frank Aguiar, Clodovil, e este ano a lista ganhará o reforço do peso leve Acelino Freitas, o Popó.
Eleito pelo PRB na Bahia como primeiro suplente, o ex-boxeador de 35 anos vai assumir no lugar do deputado Mário Negromonte (PP), nomeado ministro das Cidades. Embora ainda não sabia muito bem o que vai fazer no Congresso, Popó – que hoje cursa Direito – promete manter o espírito de pugilista e travar o bom combate com os colegas (de terno e gravata). Confira a seguir a entrevista do deputado ao site de VEJA:
Qual será sua prioridade no Congresso Nacional?
Primeiro vou lançar um desafio a Eduardo Suplicy (PT/SP) e a Magno Malta (PR/ES)…
Mas os dois são senadores. O senhor vai assumir uma vaga na Câmara.
Eu sei, mas eles também são boxeadores. Quero lutar boxe com os dois. Encaro até no mesmo dia. Vou levar um dos meus principais cinturões e outras premiações que ganhei como melhor lutador do mundo para o Congresso. Vão enfeitar meu gabinete.
Levando em conta que o plenário não é um ringue, qual será a diferença do Popó boxeador para o Popó parlamentar?
A roupa. Eu vou tirar o calção e as luvas e vou colocar o paletó e a gravata.
O senhor defende alguma proposta?
O meu foco será esporte, política social e turismo. Estarei no Congresso para servir. Se não me derem espaço, eu vou me esquivando e daqui a pouco chego lá.
O senhor defenderá o salário mínimo de 545 reais, proposto pelo governo, ou de 580 reais, apresentado pelas centrais sindicais?
O governo tem o orçamento dele e deve saber por que quer um salário mais baixo. Eu tenho que acompanhar esse processo, o que for bom para a população eu vou votar. Se for 580 reais, será melhor do que está. Mas tem que verificar o impacto nos cofres públicos.
Já que está preocupado com os cofres públicos, o que acha do aumento do salário dos parlamentares para 26.000 reais?
Não tomei posse ainda e não sei a demanda do trabalho de um deputado para saber se o salário é merecido.
Mesmo assim, considera justo um reajuste salarial de 61%?
A gente não pode comparar salário de um advogado com o de um pensionista, por exemplo. Um voto do deputado pode mudar a história de um país. É uma responsabilidade muito grande. Mas eu não me preocupo com isso. Vivo bem com os recursos que o boxe me deu.
Nas grandes votações, o senhor pretende seguir a bancada do partido ou terá posição independente?
Vai depender das conversas. A gente realmente tem que fazer o que for melhor para o povo.
Qual será sua rotina em Brasília? Quantos dias da semana trabalhará na Câmara?
Pelo que eu vejo dos parlamentares, eles chegam à capital terça-feira de manhã e voltam no final da tarde de quinta. Eu pretendo ficar três dias da semana em Brasília e dois dias na Bahia. Até porque preciso cuidar dos interesses do estado.
Pretende morar em apartamento funcional?
Sim, é mais espaçoso e tranquilo. Eu gosto de espaço, não gosto de hotel.
O senhor se sente preparado para ser deputado?
Vou estar em plena forma, pode anotar aí. Já perdi três quilos estudando. É, estou lendo um caderno de três dedos de grossura sobre o processo legislativo. Praticando, tenho certeza de que aprenderei muito também.
Fonte: Revista VEJA

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