domingo, 20 de fevereiro de 2011

Usuário da BR-116 Regis Bittencurt reclama por melhorias e respostas da Concessionária



Antes de qualquer rótulo de egocentrismo queremos externar nosso profundo pesar por mais esta tragédia que ocorreu na BR 116 no dia 06/02/2011.
Sobre este descaso que vitimou quase uma dezena de brasileiros, estamos nos  manifestando junto às pessoas responsáveis no governo federal. Não será a primeira manifestação, pois, já o fizemos no governo Fernando Henrique e no governo Lula da Silva. Não esquecemos de parentes enlutados chorando vítimas da incompetência de governantes em seus mais diversos níveis em todos esses anos.
Mas como afirmamos, estes responsáveis estão recebendo texto pertinente com nossos protestos mais veementes.
Neste texto queremos nos dirigir aos responsáveis pelo entorno dessa tragédia. Responsáveis sim, pois enquanto administradores concessionários desta rodovia devem explicações para a incrível incapacidade em lidar com acidentes que estamos cansados de presenciar.
Somos médicos e precisamos acreditar que as equipes médicas que prestam socorro na rodovia Regis estejam se reciclando tecnicamente em busca da excelência.  Moramos em Iguape há 20 anos. Utilizamos a Regis Bittencourt com freqüência para deslocamentos entre nossa cidade e São Paulo. São 20 anos convivendo e ouvindo histórias de acidentes das mais variadas proporções, quase que diariamente neste trecho de rodovia. São 20 anos de episódios de bloqueio da rodovia por 1, 2, 6, até 12 horas. Vinte anos e não vemos um plano para solucionar estes colapsos.
Agora com a rodovia sendo administrada por concessionária, tínhamos  esperança que algo mudaria, mas, tudo continua igual. Até quando a morosidade na solução de situações que se repetem a tanto tempo?
Neste último acidente do dia 06/02, estávamos a aproximadamente 1 km do local, parado com nosso veiculo. O acidente ocorreu por volta das 16 h e passados  15 minutos já tínhamos a informação que havia 8 mortos. Várias equipes de socorro chegaram ao local e rapidamente.  A remoção dos que necessitavam demorou aproximadamente 2 h. Vários caminhões guincho e viaturas de apoio da empresa Auto Pista Regis chegaram ao local, além da policia rodoviária federal. As filas nos 2 sentidos da rodovia só ia aumentando e as informações sobre possível liberação eram as mais desencontradas possíveis, pois emitidas por curiosos que especulavam o desfecho. Viaturas da concessionária e carros da policia corriam para cima e para baixo, e passavam as horas. Uma hora, 2h, 3h, 4h e a noite caiu. Corpos estirados sobre o asfalto esperando por 4h para serem removidos. Falta de dignidade até na hora da morte! No local não havia sinal de telefonia móvel. Não havia qualquer ponto de apoio para a mínima necessidade fisiológica. Pais com crianças em seus veículos viram estoques de água e alimentos acabar. Indivíduos altamente suspeitos circulando em motos para cima e para baixo trazendo mais insegurança para todos. Começa a chuva. De repente um caminhão guincho “sobe” com um dos ônibus envolvidos no acidente. Esperança do final próximo. Passa 5h, 6h e de repente “desce” o mesmo guincho com o mesmo ônibus que foi levada prá cima. Trágico e patético. Passados 7h, foi liberado o trânsito. Filas quilométricas de veículos com seus motoristas cansados, estressados, famintos, começam a se mover na escuridão chuvosa. Foram criadas chances enormes para novos acidentes que de fato ocorreram, mas felizmente sem gravidade.
Diante do exposto formulamos para a Concessionária Auto Pista Regis algumas perguntas que obviamente terão nas suas respostas sugestões a serem pensadas.
1.       Existe um gerente para o caos?
2.       Existe um protocolo de atendimento para colisões simples?
3.       Existe um protocolo de atendimento para acidentes com vítimas?
4.       Existe um protocolo de atendimento para acidentes com vitimas fatais?
5.       Existe um protocolo de atendimento para tragédias?
6.       Existe cooperação, colaboração e união da concessionária com os plantões de perícia técnica que só existem para isso?
7.       Por que a pericia técnica demora sempre tanto tempo para chegar?
8.       O imenso volume de tráfego e conseqüentemente de arrecadação não comporta a implantação de plantão com helicóptero para as mais variadas emergências? (transporte de vítimas, transporte de peritos, transportes de usuários das filas em situações delicadas, etc.)
9.       Existe o empenho da concessionária junto às empresas de telefonia para implantação de antenas de retransmissão de sinais em pontos “cegos”?
10.   Qual a dificuldade para a concessionária colocar veículos de apoio com sistema de som tranqüilizando os usuários, fornecendo estimativas oficiais de tempo de espera, fornecendo água e até algum alimento?
11.   É difícil pensar no usuário como um consumidor que tem deveres, pagar pedágio e direitos, ser tratado com dignidade?
12.   Há a compreensão da concessionária de que o usuário quer mais do que estrada sem buraco e bem sinalizada?
13.   A concessionária tem ciência da existência de saqueadores em vários trechos da rodovia?
14.   Qual a dificuldade em implantar sinalização eletrônica dinâmica?
15.   Existe estudo analítico dos trechos com maior incidência de acidentes para efetivar sinalização pertinente a periculosidade dos mesmos?
Encerramos estas críticas mais uma vez manifestando a enorme decepção com a concessionária Auto Pista Regis. Nós usuários assíduos dessa rodovia tínhamos a esperança de que veríamos algo de novo após a implantação da administração privada, no entanto, continuamos sendo desrespeitados como sempre fomos. Não basta a alta carga de impostos que pagamos, não basta o pagamento de pedágios?
Será que os cidadãos espanhóis recebem este mesmo tipo de tratamento que nós brasileiros? Por que não buscar na Espanha as respostas para as nossas perguntas?

Por Gilmar de Lima
http://www.gilmardelima.com.br/

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